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Mendel Wines: A safra de 2023 em Mendoza sob o olhar do grande enólogo argentino Roberto de la Mota

Mendel Wines
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2023 foi um ano difícil para a vinícola Mendel Wines e para os produtores de vinhos de Mendoza, na Argentina. A ocorrência de eventos climáticos atípicos, como geadas agressivas e fora de época, e chuvas de granizo, ocasionou escassez e o alto preço das uvas para a produção de vinhos.

 

No final de outubro e início de novembro ocorreram duas geadas tardias que acarretaram graves consequências na produção vitivinícola, tornando a safra de 2023 a menor em mais de 20 anos!

 

Em fevereiro, houve uma geada precoce que, segundo Roberto de la Mota “Embora não tenha afetado diretamente a produção, deixou claro que seria um ano excepcionalmente atípico”.

 

TUDO INDICAVA UMA COLHEITA EXCELENTE, ATÉ QUE VIERAM AS GEADAS

Depois de um inverno relativamente ameno e moderado, com mais neve do que no ano anterior, mas ainda abaixo da média, tivemos uma brotação muito boa na primavera. As diferentes castas brotaram nas datas previstas e o vigor dos novos brotos foi muito bom. Mesmo o número de cachos que esses brotos trouxeram foi abundante, tanto em Luján de Cuyo quanto no Vale do Uco. Até então, tudo indicava uma colheita excelente” – comentou o enólogo.

 

No entanto, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, ocorreram duas geadas tardias de grande magnitude. A primeira foi causada por uma frente fria vinda da Patagônia, trazendo ar polar seco e muito frio. As temperaturas atingiram -3,5°C a -4,5°C em algumas áreas do Vale do Uco por longos períodos.

 

O dano foi enorme e, na manhã seguinte, o solo já frio, esfriou ainda mais, irradiando seu calor para a atmosfera, resultando em uma geada generalizada. As temperaturas caíram para -6°C em certas áreas baixas, e as consequências nos vinhedos foram muito graves”, relembrou Roberto de la Mota. Apenas alguns vinhedos localizados em encostas no Vale do Uco e áreas altas a leste foram pouco afetados, assim como aqueles situados em encostas a noroeste do Rio Mendoza.

 

Em muitos desses vinhedos a folhagem não foi afetada, mas a produção das vinhas diminuiu consideravelmente, pois segundo Roberto de la Mota

 

Os primórdios florais nos botões sofreram aborto de flores devido ao frio, o que resultou em cachos com poucos bagos”.

Mendle Wines
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Depois deste fenômeno, a grande maioria das vinhas afetadas voltou a brotar, recuperou a folhagem e apesar da produção limitada, resultariam em bons vinhos.

 

A PRIMAVERA TÍPICA E O VERÃO CHUVOSO 

A primavera continuou fresca e seca. “O crescimento normal e os rendimentos escassos continuaram a evoluir”, disse Roberto.

 

O verão foi muito seco com altas temperaturas entre dezembro e janeiro. Segundo o enólogo “Alguns vinhedos, especialmente na zona leste de Mendoza, sofreram com a seca e a diminuição da disponibilidade de água para irrigação”.

 

No período de maturação dos cachos, o clima continuou seco e relativamente quente, porém os meses de fevereiro e março foram ligeiramente mais frescos, e “as uvas continuaram, em geral, com um bom equilíbrio de acidez e acúmulo de açúcar” disse ele.

 

UMA GEADA EM PLENO VERÃO ARGENTINO!

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Várias chuvas de granizo ocorreram durante o verão, mas foi outro fenômeno extremamente incomum que chamou atenção. No dia 17 de fevereiro, ocasionada por uma frente fria vinda do sul do continente, ocorreu uma geada, que afetou principalmente os vinhedos das áreas mais baixas do Vale do Uco. Roberto de la Mota comentou

 

Felizmente, a geada de fevereiro foi breve, então os danos foram limitados. No entanto, acho importante mencioná-la devido à raridade do evento, eu, que já realizei 46 safras na minha vida, não lembro de terem ocorrido geadas em fevereiro em nossa região”. Uma geada em pleno verão sul-americano! Provavelmente este foi mais um fenômeno atípico causado pelas mudanças climáticas, o que leva as vinícolas a pensarem cada vez mais em sustentabilidade e no respeito à natureza.

 

A COLHEITA ANTECIPADA 

Os meses de março, abril e maio continuaram secos e com temperaturas moderadas. “Dadas estas características climáticas, a maturidade das uvas foi boa e progrediu um pouco mais rápido do que o habitual, devido ao baixo rendimento das vinhas e ao clima quente e seco. As noites de verão se mantiveram frescas, como o habitual, e as uvas, de um modo geral, apresentaram bom equilíbrio e acidez”.

Mendel Wines
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Para a maioria das vinícolas a colheita foi realizada bem antes do que o normal. Segundo Roberto de la Mota “Vários fatores influenciaram a colheita antecipada, entre os quais podemos citar:

1) As semanas quentes de dezembro e janeiro, que fizeram com que a maturação das vinhas avançasse muito rapidamente em fevereiro e início de março;

2) Nos últimos anos, houve uma tendência, não só na Argentina, de produzir vinhos mais frescos, com menor teor alcoólico e maior acidez;

3) Por fim, houve uma certa ansiedade em colher as uvas devido à escassez generalizada e aos riscos climáticos, especialmente devido às chuvas de granizo”.

 

No entanto, por conta das chuvas no mês de março e a queda de temperatura, o teor de açúcar nas bagas reduziu consideravelmente. Vale lembrar que é o açúcar da fruta que, durante a fermentação, se transforma em álcool, portanto devemos esperar vinhos mais frutados e menos encorpados da safra de 2023. Como resultado da colheita “antecipada”, segundo Roberto de la Mota, “faltou alguma maturidade nas bagas, principalmente nos compostos da casca”.

 

Para os produtores vitivinícolas que puderam ou optaram por aguardar o tempo certo e uma maturação mais significativa dos cachos nos vinhedos, os vinhos produzidos nesta safra são muito interessantes e intensamente frutados.

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MENDEL WINES E A QUALIDADE DO TERROIR

Apesar de todos os fenômenos atípicos, a nobreza das vinhas permitiu que produtores produzissem vinhos extraordinários, e nós, consumidores, teremos o prazer de provar tintos, brancos e rosés de alta qualidade desta região.

 

Os vinhos brancos da safra 2023 em Mendoza têm grande caráter e concentração. Com notas frescas e florais, boa acidez, mas são menos volumosos, porém ricos e mais longos no palato do que as versões dos anos anteriores.

 

Quanto aos vinhos tintos, o frescor se assemelha aos exemplares da safra de 2019, mas em volume, concentração e taninos, aproximam-se mais da safra de 2020” – comentou o enólogo.

 

Mendel Wines
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Concluindo, Roberto de la Mota diz que “Os vinhos de 2023 possuem boa intensidade de cor e aromas, apresentando notas de frutas frescas e florais, médio corpo e riqueza, taninos bem presentes e boa acidez que proporciona um final longo. Todas estas características garantem um bom potencial de envelhecimento”.

 

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SOBRE O ENÓLOGO ROBERTO DE LA MOTA

Roberto de la Mota
Roberto de la Mota

Roberto de la Mota possui uma enorme experiência e conhece como ninguém o terroir de Mendoza. Desde os seus 19 anos trabalha em tempo integral em vinícolas e vinhedos da Argentina, já foi consultor na Chandon e em 1999 fez parte da criação do primeiro Cheval des Andes, vinho fruto da união do Château Cheval Blanc, de Bordeaux, e da vinícola argentina Terrazas de los Andes. Em 2003, ao lado de Annabelle Sielecki, fundou a própria vinícola: Mendel Wines.

 

Hoje, aos 63 anos de idade, Roberto de la Mota é um dos enólogos mais admirados da Argentina e seus vinhos são ultra pontuados e aclamados no mundo todo!

Mendel Wines
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